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Quarta - 19 de Julho de 2017 às 16:25

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Jair Donato é jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida
Jair Donato é jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida

Vejo uma confusão quando alguém afirma que o mundo virtual faz com que o relacionamento humano se torne mais frio. Muitos defendem que as pessoas estão cada vez mais isoladas devido à conectividade com o mundo nesta era pós-advento das redes sociais. Será mesmo? Ou, isso é uma questão de educação? Quantas pessoas perdem a disciplina e até o controle sobre si em função do uso do dispositivo eletrônico? Quantos mais usam isso como subterfúgio para esconderem-se de enfrentamentos às próprias dificuldades?

Existem muitas pessoas que se aproximam, uns se reencontram, outros fortalecem amizades, enquanto tantos se casam, conseguem empregos, vendem serviços ou criam novas oportunidades saudáveis. Será mesmo a Internet uma condução negativa? É fato que muita gente mudou o hábito e acessa os dispositivos móveis, por vezes exageradamente. E são usuários de quase todas as idades, já que hoje esse é um meio comum para a maioria. Todavia, o que é importante avaliar é o impacto, não da tecnologia, mas dos hábitos e das atitudes das pessoas frente ao uso dela, geralmente sem controle. É essa desmedida que pode gerar diversos transtornos no comportamento. Isso é o que pode diminuir produtividade ou prejudicar relacionamentos, a falta de educação do cérebro.

Quero aqui fazer um alerta propício aos pais e educadores. Estudos recentes da neurociência, a ciência do sistema nervoso, evidenciam que não é somente o vício por jogos de azar, álcool, crack e demais substâncias psicoativas que causa dependência. É uma realidade que hoje, adultos e crianças se tornam dependentes do uso do celular, por exemplo. Esses estudos mostram que devido o uso contínuo desse dispositivo eletrônico, o cérebro libera produção constante de dopamina no organismo. A comprovação de que isso causa dependência está no fato do cérebro liberar altas doses de dopamina, que é uma substância saudável, mas que em excesso provoca ansiedade, insônia e depressão, daí o que gera o vício de consultar o celular cada vez mais, sem foco e necessidade. Pensa no risco exposto às crianças, pois essa é uma dependência neuroquímica, mesmo sem ingestão de substâncias e que trás sérios riscos ao indivíduo. Gostaria que todos repensassem melhor sobre a noção de limites que dão a si mesmos e aos educandos. Quem educa não deve perder o foco sobre o que é causa, sem ficar mirando no efeito.

É incalculável o valor dos benefícios que o desenvolvimento tecnológico trouxe para o mundo, em todas as áreas da ciência e do saber. Contudo, se as pessoas se afastam nesse contexto, ou parecerem "frias" devido ao vício, é a falta da capacidade de se adequarem a esse novo estilo de vida, em que o mundo perde paredes e fronteiras e onde tudo se torna interligado. Prejudicial é a falta de equilíbrio do indivíduo e o despreparo para lidar com a tecnologia de maneira coerente, e não o contrário. Isso pode chegar ao ponto em que ele precise de ajuda, necessidade que nem sempre partirá da própria consciência. Esse é o alerta.

É natural que as mudanças ocorram. Mas, o que se torna antinatural é a falta de adaptação aos novos ritmos. Não há que culpar o avanço tecnológico, e sim superficialidade a que se propõe ao lidar com essa irrefutável mudança, que não deixará de existir porque no passado era diferente. É o adulto que precisa se reeducar para lidar melhor com essa realidade. Quanto às crianças isso não é nenhum problema, o que elas precisam é de limites bem definidos e orientação sobre o que é equilíbrio e adequação.

O foco deve ser na conduta do cérebro, o que é uma característica interna, e não na tecnologia ou nos dispositivos, que são periféricos e perecíveis. Vale a velha dica do cuidado ao comer doce para não se lambuzar. Quanto ao doce, se suja a roupa ou o corpo, água resolve. Já o perigo do uso excessivo dos dispositivos é a dependência química gerada no cérebro, que gera improdutividade e transtornos graves. E para o vício, será preciso mais que água, e sim tratamento. O jeito é se adaptar e reeducar o composto cérebro-mente-comportamento.

Jair Donato é jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jair@domNato.com.br



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