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Segunda - 07 de Agosto de 2017 às 22:14

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Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta
Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta

Não se está em ano político-eleitoral, mas os agentes políticos agem como se estivessem. E, por isso, dizem as coisas pela metade, jamais afirmam verdadeiramente o porquê foi tomada determinadas posições. Veja amigo (e) leitor, o caso dos descontentes do PSB/MT. Segundo estes, o deputado Valtenir Pereira é o culpado pela atual situação complicada da sigla regional. Atribuem-no, inclusive, a causa-mor de suas prováveis saídas do partido, uma vez que não o aceitam na presidência da agremiação partidária. Esta versão foi, e continua sendo divulgada como se fosse o próprio fato, a própria verdade. Parte da imprensa a aceita como se verdade fosse. Quando, na realidade, (e) leitor, a filiação do dito parlamentar, e a sua ascensão à presidência do partido agravou uma situação que já estava complicada, muito antes de sua chegada.

Complicada porque o deputado Fábio Garcia descumpriu uma determinação partidária ao votar a favor da reforma trabalhista. E, por esta sua agressão partidária, foi devidamente punido pela direção nacional com a perda da presidência do PSB/MT. Ele achou ruim, e outros lhe foram solidários, mesmo não tendo razão alguma.

Aliás, parlamentares de Estados diversas, também filiados no PSB, igualmente foram exemplarmente punidos. E são esses parlamentares que passaram a negociar, na Capital federal, com o DEM. Chegaram a ser contatados pelo PMDB. Inclusive, eles estiveram em um almoço com o presidente Michel Temer. O que provocou certa rusga entre o presidente do país e o presidente da Câmara Federal. A tal rusga foi logo desfeita, com o recuo do peemedebista, e, então, os dezesseis parlamentares descontentes reataram suas negociações com o fim de migrarem para as fileiras democratas.

Os dois deputados federais por Mato Grosso também passaram a fazer parte dessa lista. Eles, ao lado de deputados estaduais e do ex-prefeito de Cuiabá, tencionam, de fato, migrar para outra sigla, particularmente para o DEM. Contudo, estão errados em não dizer a verdade sobre o referido episódio. Pior ainda, pensam apenas na eleição do ano que vem ao jogarem a culpa disso no deputado Valtenir. Eles, infelizmente, não reconhecem, nem confessam os próprios erros. Preferem jogar para a plateia, alimentando a lengalenga de que podem recuperar o mando da sigla na Justiça. Isto, porém, não irá acontecer, e eles sabem disso. Pois, certamente, agora, já tiveram tempo de dar uma olhada no artigo 17 da Constituição Federal, na legislação eleitoral e no estatuto do PSB. Instrumentos que dão garantia a atual Comissão Provisória, presidida pelo Valtenir Pereira.

É, portanto, lengalenga que os descontentes estão em defesa do partido, e querem permanecer filiados nele. Tanto que já circula a notícia de que eles estão debatendo o "novo" DEM. Para que o DEM seja "novo", precisa de muito mais que o ingresso de nomes em suas fileiras. Ganhar gorduras não é o mesmo que ganhar musculatura. Embora se saiba que a migração do grupo dos descontentes do PSB para o DEM pode fortalecer a sigla democrata para as disputas de 2018. Isto porque terá nomes com densidade eleitoral para a briga pelas cadeiras da Câmara Federal e da Assembleia Legislativa. Mas esse fortalecimento não pode, nem deve ser visto como nascimento de uma "nova" agremiação partidária (DEM). Para ser novo, o DEM (e quaisquer outras siglas) carece de bem mais. É isto.

Lourembergue Alves é professor e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br.



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