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Quinta - 15 de Setembro de 2011 às 09:40
Por: Onofre Ribeiro

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Onofre Ribeiro é jornalista e secretário adjunto de Comunicação Social de Mato Grosso
Onofre Ribeiro é jornalista e secretário adjunto de Comunicação Social de Mato Grosso
O governo Silval Barbosa vem lutando numa maré que sobe e desce com muitas ondas provocadas pela condução da política. Em certos momentos a onda sobe bastante e afoga até o diálogo. Parece o tsunami de uma grande inércia sobre o governo.

Na realidade, trata-se da reconstrução da linguagem política do governo, causadora dessas controvérsias. Penso que vale uma análise.

Em 2002 Dante de Oliveira conduzia um governo essencialmente político, Isso implicava numa metodologia com o uso de linguagem política junto aos setores organizados da sociedade e com as representações político-partidárias. Antes de qualquer ação, mesmo que a estratégia fosse de iniciativa do Executivo, a condução acabava tendo forte participação de partidos e de setores da sociedade envolvidos. Esse comportamento costuma atrasar cronogramas de decisões, mas aplaina as relações sociais e reduz as arestas com o governo. Faz parte da democracia.

Em 2003 a gestão Blairo Maggi quebrou esse protocolo. Sua marca foi a gestão gerencial. Decisão formulada dentro do Poder Executivo, com destino à sociedade, mas sem ativações político-partidárias. A relação com o Poder Legislativo, por exemplo, marcou-se pelo uso intensivo da condição de se ter maioria na Casa. Essa maioria era cobrada claramente pelo próprio governador, quando necessário. Percebendo a brecha, deputados aprenderam a barganhar. A demora acontecia na negociação prévia.

Em 2006, reeleito, Blairo Maggi precisou amaciar um pouco mais a relação com a política, embora ela não fosse exatamente a sua paixão. Enfrentou uma série de arranhões e ataques que não existiram no primeiro mandato.

Em 2010 Silval Barbosa elegeu-se seu sucessor. À primeira vista, dele se esperaria um governo no mesmo perfil, porque no geral, os dois mandatos de Blairo Maggi foram muito bem avaliados pela população. Porém, Silval tem um perfil rigorosamente político, com histórico de ter sido prefeito, deputado estadual por dois mandatos, nos quais ocupou os cargos de primeiro-secretário e de presidente da Assembleia Legislativa e vice-governador. A sua própria eleição deu-se num regime de ampla coligação partidária, gerador de comprometimentos políticos para a sua administração.

Uma vez no exercício ficou claro que haveria uma linguagem política nas metodologias do seu governo. A composição do secretariado começou nitidamente política, assim com os projetos também têm construção política. Aí surgiu um complicador novo, que seria construir uma linguagem política, de certo modo semelhante àquela de Dante de Oliveira há quase dez anos, substituindo a linguagem gerencial de Blairo Maggi e fazer o governo andar dentro de cenários sociais, econômicos e políticos bem mais complexos como os atuais. Aliás, é bom incluir como elemento novo a própria eleição de uma mulher presidente para governar o país, e a inserção de Mato Grosso no mapa político do País, como aliado do PT desde 2006, e o seu crescimento econômico.

Então, há que se admitir que a reconstrução de linguagem política num governo político, demanda tempo, uma ampla revisão de atitudes, disposição do conversar, ceder e avançar. É lento e muito complexo, ainda mais quando se tem na traseira, o tempo apressadíssimo buzinando e pedindo passagem.

Onofre Ribeiro é jornalista e secretário adjunto de Comunicação Social de Mato Grosso


Fonte: Secom-MT

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